Chegar não é o mais importante

O que leva homens e mulheres em todo o mundo a abrir mão do conforto e da urgência de chegar a um destino de carro, pelo simples prazer de desfrutar do caminho, com almas e corpos expostos ao tempo e a riscos inimagináveis? Eu não tenho uma resposta. Mas te convido a experimentar por o rosto para fora da janela do carro e se deixar acariciar pelo vento, como fazem os cães e as crianças em momentos de descuido dos pais e tutores, ou em um passeio no campo. Sinta o cheiro que vem dos pastos ou plantações parelelos à estrada, ou da chuva que se inicia em insistentes e leves pingos sobre sua face, óculos ou viseira do um capacete.





Toda essa fragilidade que nos iguala a qualquer animal descuidado que atravessa uma rodovia, ou aos pássaros que se apressam a retornar aos ninhos, talvez traga a resposta. Depois disso, chegar passa a ser o repouso, refúgio ou colo que te acolhe, até que as forças para uma nova jornada estejam renovadas. E é de novo hora de partir.